\'Twitter Files Brazil\', o pano de fundo dos ataques de Musk a Moraes; entenda
Publicada em 07/04/24 às 21:36h - 14 visualizações
por Rádio Lobo Web com Estadão Conteúdo
Compartilhe
Link da Notícia:
(Foto: Rádio Lobo Web com Reprodução)
O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), fez uma série de
críticas e ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), acusando o magistrado de censura e ameaçando descumprir
decisões judiciais. As publicações foram impulsionadas por parlamentares
de direita. Por trás das acusações, está o "Twitter Files Brasil",
arquivos de dentro do Twitter.
"Twitter Files Brazil" é uma
série de e-mails divulgados pelo jornalista norte-americano Michael
Shellenberger na própria rede social na última quarta-feira, 3. São
mensagens trocadas entre funcionários do antigo Twitter em 2020 e 2022
relatando e reclamando de decisões da Justiça que determinaram exclusão
de conteúdos em investigações envolvendo a disseminação de fake news.
Com base nos e-mails, o jornalista acusa Moraes e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de praticarem quatro ilegalidades:
1) exigir que o antigo Twitter revelasse detalhes pessoais sobre usuários que subiram hashtags que ele "não gostou";
2) exigir acesso aos dados internos da rede social, em violação à política da plataforma;
3) censurar, unilateralmente, postagens de parlamentares brasileiros;
4) e tentar transformar as políticas de moderação de conteúdo da rede
social em uma arma contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL).
As decisões citadas nos e-mails não são inéditas e
envolvem investigações de ataques a ministros do Supremo e propagação de
notícias falsas, como as que questionavam a lisura do processo
eleitoral brasileiro e das urnas eletrônicas.
Em um dos e-mails,
de 14 de fevereiro de 2020, o consultor jurídico do Twitter no Brasil,
Rafael Batista, relatou que parlamentares brasileiros pediram o conteúdo
de mensagens privadas trocados por alguns usuários durante uma
audiência pública no Congresso Nacional. O pedido foi negado pela
plataforma.
Em outro e-mail divulgado pelo jornalista, de 2 de
julho de 2021, Batista relatou uma solicitação da Polícia Federal,
amparada por ordem judicial, pedindo dados cadastrais do vereador Carlos
Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, o
funcionário informou que estava trabalhando em uma resposta dizendo que
o Twitter não coletava os dados cadastrais solicitados.
O
pacote também traz um e-mail de 18 de de agosto de 2021, que informava
sobre uma ação do TSE para desmonetizar contas de bolsonaristas que
tinham se envolvido em ataques coordenados contra integrantes do Supremo
Tribunal Federal e da Justiça Eleitoral. Na época, uma série de contas
foram desmonetizadas por decisão da Justiça.
Em 30 de março de
2022, conforme relatado em outro e-mail, o TSE mandou o Twitter fornecer
dados sobre estatísticas de tendência para as hashtags
"VotoImpressoNAO" e "VotoDemocraticoAuditavel", sob pena de multa diária
de R$ 50 mil. Além disso, o TSE exigiu informações de assinatura e
endereços IP dos usuários que usaram a hashtag #VotoDemocraticoAuditavel
em 2021.
Outros e-mails relatam ordens do TSE contra os
deputados Carla Zambelli (PL) e Marcel van Hattem (Novo-RS) e também
contra o pastor André Valadão, apoiador de Bolsonaro. Zambelli teve a
conta bloqueada por disseminar informações falsas sobre supostas fraudes
no sistema eleitoral. A conta foi liberada mais tarde. Valadão, por sua
vez, teve o perfil suspenso após ataques ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), então candidato à Presidência.
ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.