A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
formou maioria para condenar a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos
a uma pena de 14 anos por cinco crimes diversos, dentro da participação
dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Débora ficou
conhecida por ter pichado com batom a frase “perdeu, mané” na estátua A
Justiça, que fica em frente à sede da Corte.
A pichação ocorreu em 8 de janeiro de 2023. No fim da tarde desta
sexta-feira (25/4), a ministra Cármen Lúcia acompanhou o voto do
ministro relator Alexandre de Moraes. Dino também votou com Moraes pelos
14 anos de pena, o que formou maioria.
Moraes votou para que, do total da pena, 12 anos e 6 meses sejam de
reclusão, que devem ser cumpridos inicialmente em regime fechado. Ou
seja, na prisão. O restante da pena, de 1 ano e 6 meses de detenção,
poderá ser cumprida em regime inicial aberto. A pena, pelo voto de
Moraes, é somada da seguinte forma:
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – 4 anos e 6 meses;
- Golpe de Estado – 5 anos;
- Associação criminosa armada – 1 ano e 6 meses;
- Dano qualificado – 1 ano e 6 meses;
- Deterioração do patrimônio tombado – 1 ano e 6 meses.
Divergência da pena
Luiz Fux e Cristiano Zanin também votaram para condenar Débora. No
entanto, divergiram com relação à pena. Em voto-vista, apresentado nesta
sexta-feira (25/4), Fux fez uma sugestão de pena de 1 ano e 6 meses.
Ele considerou ainda que a pena imposta no voto dele é menor do que o
tempo em que a ré já esteve presa. Assim, deixou de analisar o regime
inicial de cumprimento de pena.
Zanin propôs em seu voto pena de 11 anos. No entanto, como a Turma tem
cinco ministros e três votaram pela pena de 14 anos, a maioria está no
voto do Moraes.
Pedido de vista
- O julgamento de Débora foi suspenso no mês passado por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, que declarou seu desejo de revisar a pena de 14 anos prevista nos dois primeiros votos expostos em plenário virtual da Corte.
- “Confesso que eu, em determinadas ocasiões, me deparo com uma pena
exacerbada. E foi por essa razão que eu pedi vista do caso”, afirmou o
magistado.
- Débora foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em
julho de 2024 por associação criminosa armada, golpe de Estado,
deterioração de patrimônio tombado, entre outros crimes.
- Em agosto do mesmo ano, a Primeira Turma aceitou a denúncia por unanimidade.
- O caso é julgado pela Primeira Turma da Corte, que também é formada
pelo relator, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cármen
Lúcia e Cristiano Zanin.
- Moraes afirmou ter sido comprovado nos autos que Débora teve
envolvimentos com a “empreitada criminosa” que culminou nos atos de 8 de
Janeiro.